terça-feira, março 25, 2008

Páscoa Tricolor


Domingo de páscoa foi de bacalhoada para os tricolores. Em mais um show do dueto Conca – Thiago Neves, o time pó de arroz acabou vencendo por um placar de 2x1 e lidera de forma justa seu grupo na Taça Rio.

O martírio de não conseguir vencer o Vasco faz X partidas acabou nos pés do brilhante Thiago Neves, que antes de voar para o escrete canarinho deixou a sua marca no canto direito de seu xará.

Não obstante, ainda fez linda jogada pela ponta direita, bagunçando a zaga vascaína e culminando com um passe que deixou o Coração Valente com o gol aberto para balançar o balaio.

O Vasco ainda deixou o seu, com mais um gol de pênalti – detalhe para o recorde de 14 penalidades em 13 jogos, um fato histórico para o futebol mundial – concretizado pelo ídolo Edmundo.

As conclusões que se pode tirar da partida são que o Fluminense, caso mantenha o espírito americano de jogar vai ser um adversário difícil de ser batido ao longo do ano e é forte candidato a levantar o caneco do segundo turno do Carioca.

Já pelo lado do Vasco, enxerga-se a carência de técnica de seu limitado elenco. A esperança pode vir da base, com Alex Teixeira, Alan Kardec e o craque Morais, aliado a experiência e o coração de Edmundo. Mas isso não é o bastante, pois sistema defensivo precisa de peças urgentemente, caso o cruzmaltino queira se candidatar a campeão de algo em 2008.

A boa notícia para os vascaínos nessa páscoa tem gosto tão doce quanto um chocolate. A eleição para a direção do clube está a cada dia mais próximo de acontecer. É o futuro do clube que está na mão dos associados, por isso é bom que estes votem pensando naquele Vasco campeão, digno de suas tradições e conquistas em mais de cem anos e não deste, de um velho ditador que vem queimando, como faz com seus charutos, a história do Gigante da Colina.

domingo, março 16, 2008

josé e os Alçapões de Davi


josé e os Alçapões de Davi

Alçapão da Rua Bariri, Olaria. Palco arcaico de batalhas futebolísticas infindáveis. Ali, os Deuses do futebol se lambuzaram de assistir as mais diversas encenações do enredo clássico das quatro linhas cariocas: o enfrentamento de Golias e Davis.

O drama de ir jogar num anfiteatro onde as arquibancadas estão a poucos metros de campo parece uma idéia assustadora para alguns, porém é essa energia e pressão que torna o jogo ainda mais real, mais humano a todos os presentes.

A gota de suor, a respiração e até mesmo o lindo som que o peito da chuteira faz quando encosta-se à bola pode ser ouvida em sua plenitude, formando uma sinfonia para os ouvidos daquele ‘’josé’’ colado ao alambrado, à beira do gramado. Assim, o espetáculo fica completo em todos os sentidos: pelo drama e pela música protagonizada pelos guerreiros da bola.

Não obstante as quatro linhas, nas arquibancadas, o ‘’josé’’ não é um mero espectador, é um coadjuvante de luxo! Em meio àquele espírito familiar e caseiro que faz parte dos jogos em estádios de pequeno porte, o fiel dá suas ‘’dicas’’ e profere suas ‘‘reclamações’’ bem juntinhas ao técnico ou ao ilustre bandeirinha, que de vez em quando acaba seguindo seus conselhos, marcado um pênalti que faz os rádios adversários serem atirados para o alto na sua direção.

Pois bem, entre uma mordida e outra naquele cachorro-quente com bastante maionese, o ‘’josé’’ vibra com seu time de coração, em plena rua Bariri, sua casa, seu lar, doce, lar. Lar de Davi.

As casas de Davi tornavam Bangus, Olarias ou Madureiras verdadeiras pedras no sapato para os ditos grandes. O campo minúsculo favorecia ao anfitrião saber as armadilhas necessárias para derrubar até mesmo o melhor escrete da época. Um alçapão!

Pois bem, meus caros, o Carioca desse ano sente grande falta de seus alçapões, de seus cachorros-quente caseiros, do humanismo futebolístico e de josé, aquele fiel geraldino de Olaria, que não possui os quarenta ‘réis’ para assistir seu esquadrão nos fins de semana, ou melhor, numa quarta-feira, às dez horas da noite.

Mas ‘’josé’’ é persistente, e apesar de tentarem derrubá-lo ele é mais forte. Com a flâmula hasteada no bambu, este dá seu jeitinho de acompanhar sua paixão. Junta um dinheiro daqui e dali e vai torcer aos domingos por mais um gol de Beltrano e Fulano, seus ídolos de hoje que ainda jogam nos gramados canarinhos.


(Texto escrito em virtude do abusivo preço dos ingressos, da falta de oportunidade dos tricolores de outros municípios poderem acompanhar o Fluminense e da falta de sal do Estadual, que tornou-se municipal. Desculpem-me por fugir um pouco do assunto Fluzão, mas achei que o texto seria conveniente. Quarta tem Libertad e domingo clássico. josé vai! Saudações Tricolores)


sexta-feira, março 07, 2008

Pó Mágico


Pó Mágico

Uma noite de quarta-feira histórica no maior do mundo. Bandeiras, faixas, piscas e a volta do mais tradicional ingrediente para fazer uma arquibancada virar um caldeirão de pressão. Ele voltou amigos, O ‘’Pó de Arroz’’. O 13º jogador tricolor.

O mais emocionante do evento, ou melhor, culto de ontem era ver a encontro de gerações nas arquibancadas. Avôs, pais, filhos e até netos estavam lado a lado para acompanhar o retorno do Fluminense as Américas e de quebra assistir e participar de um grande espetáculo de beleza memorável.

As arquibancadas do templo do futebol sumiram (mais uma vez) quando os saquinhos voaram em direção ao campo. Misturado ao balançar de bandeiras tricolores e os brilhantes piscas, o talco fez aquelas escadarias receberem a doce benção.

Perfumado e abençoado, acompanhava a reação de todos. Podia observar as expressões felizes de senhores que ficaram encantados e emocionados ao relembrar o ‘’velho maracanã’’ e suas tantas noites de glórias. Olhando para outro fluxo, via o choro contido de uma criança que tinha sua primeira experiência com o Pó Mágico e não acreditava naquilo tudo. Deslumbrado dizia aos prantos – ‘’ É o melhor dia da minha vida. Tenho orgulho de ser Tricolor! – Obrigado meu Deus. ’’

‘’ÔôÔôÔ, Fluminense Eterno Amor!’’ – Continuou ele, enxugando lágrimas de felicidade.

Mal sabia ele que o espetáculo seria completo.

A atuação da equipe foi sublime. Obedecendo às diretrizes do líder Renato e dominando a partida no plano técnico e tático, o Fluminense aplicou uma goleada de 6 a 0 que deixou os hermanos e os apreciadores do bom futebol aplaudindo de pé.

O destaque do jogo foi para Dodô que além de craque é um artista. A perfeição com que ele acertou a bola, ainda no viajando, e o lugar que a colocou, na gaveta direita, faz com que ele mereça uma condecoração e um espaço no museu do Louvre, ao lado de outra obra-prima, a do gênio Zidane.

Dois espetáculos. Dois retornos. Dois gols de Dodô. Um seis a zero para entrar para história e trilhar o começo do caminho para a conquista das Américas.

O Pó de Arroz está de volta. Tricolores, o show está apenas começando.