domingo, abril 12, 2009

Esparta!


Eis a verdade, senhores: as heróicas batalhas nem sempre culminam em vitórias.
A injustiça é protagonista, quando se conta a história de Leônidas, general espartano, que defendeu a Grécia do ataque persa em tempos antes de Cristo.
Uma horda de 200.000 soldados prontos a seguirem as ordens de Xerxes tentavam invadir sem êxito a entrada do desfiladeiro das Termópilas, sendo que apenas 7000 homens, 300 espartanos, eram responsáveis pela proeza, que outros tantos exércitos sucumbiriam em instantes. No entanto, após a traição de Efialtes, o panorama mudaria da água para o sangue. Cercados, os 300 espartanos decidiram resistir até a morte, e assim o fizeram de maneira mitológica.

Mesmo com a vitória persiana no desfiladeiro, o mito de Leônidas foi propagado até os dias de hoje, sendo um exemplo de fidelidade e coragem.
A batalha começou pouco antes do apito inicial, no instante em que os fiéis tricolores, acostumados a enfrentar exércitos de expressão numérica devastadora, decidiram lutar as sombras, assim como Leônidas fizera ao ser questionado por Xerxes.

Xerxes: "Minhas flechas serão tão numerosas que obscurecerão a luz do Sol".
Leónidas: "Tanto melhor, combateremos à sombra!"

A entrada dos guerreiros de branco fez o Maracanã sumir em meio a uma névoa abençoada. Aos poucos, o tradicional pó de arroz foi sendo dissipado pela brisa, dando lugar a algo minimamente sobrenatural. Uma barreira inexpugnável foi extendida em verde, branco e grená. Abaixo dela, não torcedores, mas soldados.

Boquiaberto, o inimigo calou-se por segundos diante de tal escudo tricolor.
O brado forte e o mosaico das três cores nunca mais seriam esquecidos, assim como sentimento de amor transbordado por aquela gente.

O score final pouco importa. O que aconteceu já virou na história, e das boas.
Inovação? Mais uma para o Maracanã e todos os outros povos baterem palmas.
Retornando ao mito, os persas esperaram, durante dois meses, o inverno passar, para continuar a guerra. Quando resolveram voltar, os espartanos restantes formaram o corpo principal do exército grego. Havia três persas para cada grego, e no final da guerra os persas foram derrotados e expulsos da Grécia.

Nada termina antes do fim, muito menos um Fla - Flu.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Maquinista Renê


Maquinista Renê

Um time, antes de tudo, necessita de um líder para alcançar glórias e principalmente para evitar derrotas arrasadoras. Na hora que a situação aperta e o nervosismo toma conta dos nervos dos soldados, apenas a palavra do general certo pode acalmar os ânimos e fazer todos mergulharem na harmonia necessária à retomada dos trilhos.

Um senhor bigodudo foi diretamente responsável por endireitar esse trem chamado Fluminense. Maquinista experiente: Jamaica, Coritiba e escrete feminino, que belo currículo.

Era meio do ano e nossa locomotiva, que estava de vento em poupa, ou melhor, a todo carvão, pela ferrovia americana, descarrilou após a passagem no Equador. Guerrón e cia. trataram de desacelerá-la e jogar os vagões junto com seus passageiros, fora da linha.

Derrota incicatrizável.

Equipe, torcida, técnico, todos, inevitavelmente, todos foram jogados a nocaute junto aos trilhos. A esperança que os torcedores carregavam no peito tricolor, foi cortada pelo desespero com a debandada de jogadores para o exterior e a inércia na tabela de classificação. Laranjeiras respirava ares caóticos semanas após o waterloo, culminando na não resistência do destemido técnico gaúcho. Veio um sucessor, que logo pediu as contas. A única luz em meio à escuridão era da lanterninha, que carregávamos desde o início da competição, em virtude de um planejamento - bom...

Questão técnica? Longe disso; o emocional estava transtornado!

Aí que entraria o bigodudo.

Não sei de onde tirou a o 'Master Mind' - talvez em ares jamaicanos, onde todos são mestres na filosofia do ''cause every little things, is gonna be allright'' - mas ela caiu como uma luva. Bob Marley não faria melhor.

O desfigurado Fluminense retomou a coragem de tempos atrás e diante das dificuldades técnicas, devido a falta de elenco, lutou bastante até o final, sendo, por fim, premiado com o passaporte a Sul-americana.

A serenidade era a cara do time. A harmonia em pró da recuperação era visível em campo, onde o coletivo fora posto acima de tudo. O trem era a cara do Maquinista.

O calendário rodou a folhinha, e com isso vieram novos vagões para recompor as perdas, e este, aos poucos, vai ganhando liga. O papel do maquinista mudou também. Agora que o retirou das ruínas, possui a função de jogar carvão e partir a todo vapor em busca de títulos no fim desse trilho. Equilíbrio e continuar seguindo a linha de trabalho. Estamos no caminho certo. Piuí – Piuí !

200inove: o segredo está no equilíbrio (palavra-chave), como um trem que sempre segue o traço rumo ao objetivo final.

segunda-feira, agosto 04, 2008


Caos

Após o segundo lugar da Copa Libertadores, o Fluminense não encontra forças e time para buscar uma reação no campeonato Brasileiro. Ontem, mais uma derrota para o arquivo e a perda de três pontos fundamentais para sair da incômoda posição na tabela. Laranjeiras vive um momento de pesadelo após o quase sonho americano. Em conseqüência, a torcida brada pela saída do técnico, da diretoria, dos jogadores e por todos os responsáveis por qualquer vírgula da atual vida tricolor.

O primeiro, lembremos, conquistou a Copa do Brasil do ano passado, quando todos não acreditavam. Após isso, o quarto lugar foi o resultado de uma campanha meio desleixada no Brasileiro e, por fim, um vice americano de respeito, com a perda do título de forma trágica. Porém, amigos, sua língua gigantesca o sufoca e hoje paga por todos os pecados do mundo, sendo o principal alvo de críticas de todos os lados.

Além disso, nosso líder parece não ver a esperança em frente aos seus olhos, tudo por causa da saída de seus antigos soldados para outros fronts de combate.

O monstro e o maestro foram para Pequim, enquanto Gabriel e Cícero preferiram o cenário internacional depois do 2 de julho. Somando isso aos desfalques de cada jogo, o Fluminense vive o dilema da reconstrução de um time simultaneamente a busca por respirar na competição nacional. Porém, será que ninguém sabia que haveria problemas e desfalques pós competição?

Claro! Então me apresente motivos para a diretoria não ter ido atrás dos nomes certos antes, muito antes. É brincadeira? A equipe está mutilada, precisamos e muito de reforços, só assim o comandante poderá fazer alguma coisa. Nem que seja para Renato levantar a famosa bandeira branca e pedir as contas.

E os jogadores? Foco, vergonha na cara e luta, muita luta para superar a deficiência técnica de alguns.

Fé, paciência e reforços, o último sendo o crucial, pois enquanto não efetuarem-no, continuaremos em nossa via-crúcis.

quarta-feira, julho 16, 2008

Orgulho de SER Tricolor


Não se pode encarar a derrota do dia 2 de julho como um fracasso total. É certo de que depois daquela última defesa do goleiro equatoriano a esperança de milhões foi queimada, virando,por fim, cinzas.

Confesso que esse que vos escreve não conseguiu chorar de tanta tristeza. Foi um sentimento mais forte do que tudo. Algo que me fez parar por um instante e pensar na tragédia que ocorria sob meus olhos. ''Deus errou''.

Nós tricolores morreremos por alguns instantes.

Apesar disso, o que nunca virará poeira é a épica campanha que o Fluminense traçou até aquele momento.

A melhor campanha de um time na primeira fase. Após isso, a confirmação do favoritismo contra o time da Colômbia. Nas quartas, o gigante Brasileiro: São Paulo. Desacreditado, venceu em um jogo cardíaco, daqueles que são eternizados após o apito final do homem de preto. Nas semifinais, a pedra no sapato dos Brasileiros: Boca Juniors, o papão. Este jogo merece um parágrafo a parte, já que não tínhamos Pelé para derrubá-los, e, apesar disso, triunfamos.

A peleja contra o time argentino ficará na memória de qualquer pó de arroz. Aliás, de qualquer amante do futebol, afinal o Brasil se mobilizou para receber aquela batalha. O país só falava daquilo. Os críticos lançavam suas apostas antes do começar da segunda partida e apontavam o time de Riquelme como favorito, mesmo com o retrospecto positivo do Fluminense dentro de sua casa. Resultado: calamos o Boca e surpreendemos o Mundo.

E o dois de Julho chegou. Com ele, a maior festa que o Maracanã já viu. O estádio Mário Filho nunca pulsou tanto. Nunca, repito. E a alegria terminou com um segundo ''Maracanazo'', este capaz de fazer sombra ao de 1950.

Lembrei, quando retornava para casa, em meio aos destroços de uma guerra perdida, que após o Waterloo brasileiro, o país tornou-se a maior potência futebolística do planeta. Não que meu coração tenha se enchido de esperança novamente. Ainda não. O golpe foi duro e está cicatrizando aos poucos. Mas a sensação de que o clube poderia dar a volta por cima novamente, fez com que alguns dias depois o discurso otimista retornasse as conversas fiadas. O sorriso voltou ser estampado nos lábios. Além do fato de nunca uma derrota ter sido tão linda como foi a do dois de julho de 2008.

O orgulho de ser tricolor voltou ao peito esquerdo de cada fiel. E isso vale mais que um título.

quarta-feira, junho 25, 2008

25/06/1995


Há treze anos nascia um dos maiores filhos que o futebol.

Um fato marcante para todos os apaixonados pelo esporte mais popular do país. Naquele dia ímpar, 26/05/1995, o milagre seria acompanhado por 109.204 pessoas que transbordavam pelo maior do mundo, fazendo este pulsar de emoção na maior batalha que o Mário Filho teve o prazer de abrigar.

A massa estava lá. Ela tinha em seu escrete Sávio, Branco e até o melhor do mundo, o camisa 11, Ele: Romário.

Não apenas tinha uma constelação, como possuía o regulamento. Um simples empate daria o primeiro dos presentes no ano do centenário do clube mais querido do país.

A luta começa. Com ela uma chuva torrencial lavando a alma de 10 anos sem títulos do pavilhão tricolor. Resultado? Dois gols a zero logo no primeiro tempo. Renato e Leonardo foram os encarregados pela audácia.

Porém, a massa não satisfeita com o que acontecia em campo, começou a bradar ainda mais alto, ajudando a empurrar o time para frente. E não deu outra. Romário e Fabinho trataram de empatar a partida e enloquecer o RJ.

Aos 43 minutos do segundo tempo a conquista já era dada como certa, pois o Fluminense jogava com 9 guerreiros em campo. As pessoas já desciam dos morros, os chopps já eram tirados na máxima pressão pelas esquinas da cidade e o sorriso de '' eu já sabia'' já estava estampado na face rubro-negra por todo o estádio.

Amigos, o divino estava presente e ele se encarregou de transformar o sonho do centenário em pó... de arroz.

O restante da história todos já conhecem. Está eternizado na memória de todos os amantes do futebol.

Parabéns, Gol de Barriga. Você merece. Saúde, paz e felicidades. Muitos anos de vida.

sábado, junho 07, 2008

Cala-te, Boca!


Cala-te, Boca.

O estádio Mário Filho viveu mais um dia de glória nesta última quarta-feira. Meninos, rapazes e senhores unidos num só cântico pelo melhor time das Américas.

Ah, o Maracanã. O gigante pulsava de emoção nessa noite. ‘’Vivos, doentes e mortos’’ se uniram para empurrar o tricolor e consequentemente escrever mais um capítulo vitorioso na história do time das Laranjeiras. As arquibancadas pareciam não parar de cantar um só instante, um só segundo.

A missão era considerada impossível: repetir o feito de Pelé e eliminar o Boca Juniors da competição que é especialidade do time de La Bombonera. Porém, amigos, a vida e a libertadores são como uma caixa de bombons, pois nunca se sabe o que iremos pegar.

E por isso a tamanha arrogância dos xeneizes. Disseram não conhecer o Fluminense. E que a vitória nos dois jogos era questão de lógica. A imprensa hermana ridicularizava a equipe pó de arroz apesar de ter sido o melhor na primeira fase da competição.

‘’Primeiro eles te ignoram, depois riem de você, depois brigam, e então você vence’’.

Aí veio o jogo em Buenos Aires. ‘’Um susto. Dois a dois? Com um time que ficou 23 anos longe da competição sul-americana? Patético’’

Sim, amigos, esse tipo de prepotência o Fluminense conhece de perto. Já está acostumado a arrogância do velho urubu da gávea, mas no fim, na hora da decisão, o abate é certo. A mística Fluminense vence e transforma o sonho rubro-negro em pó.

Mas voltemos, pois o interessante ainda estava por vir.

Não é que os rubro-negros uniram-se aos insuportáveis gringos? Um Flamengo argentino. Fla-Boca. Só faltava o característico ‘’ Ai, Jesus’’ do rival carioca, porém os problemas estomacais de Roman indicavam que nem tudo estava em perfeita ordem. Seria a anunciação de mais um gol de barriga?

E foi. A partida não precisou de traços épicos, como no jogo contra o São Paulo – até porque ‘’haja coração’’ -, mas a vitória não foi fácil. Os argentinos dominaram o jogo em sua totalidade partindo pra cima dos tricolores em busca da vitória necessária e bastou ao Fluminense encontrar os espaços deixados pelos defensores e conquistar a vitória tão desejada.

Além disso, a sorte de campeão, que nos acompanha desde o início do torneio, estava no Maracanã e mais uma vez sentada ao lado do arqueiro das três cores. Fernando Henrique era um muro de cimento flexível. As defesas lembram os grandes goleiros de nossa história e aproximam cada vez mais FH de entra neste arquivo.

A vitória foi de três gols a um, placar que representa mais do que a classificação para a final da libertadores. Significa a redenção olímpica de um clube centenário, que completa uma década do maior vexame de sua história e mostra o quanto é gigante em recuperar-se e chegar na decisão continental como favorito a taça.

Parafraseando o profeta, podemos dizer, sim, ‘’do caos à liderança’’.

A cada jogo o sonho americano aproxima-se da massa pó de arroz. Ela merece.

No mais, mostramos que para ganhar do Fluminense não se pode ter o tamanho de uma caixa de bombons, pois o Maracanã é para poucos.

Cala-te Boca. Avante, faltam duas.

terça-feira, maio 27, 2008

Travessura Épica


Travessura Épica

Foi a mais linda vitória do ano. Aliás, foi a mais bela do século. Sim, meus caros, falo da épica vitória que aconteceu na última quarta-feira, dia 21 de maio no maior do mundo.

O jogo daquela noite guardou traços de heroísmo, drama, tragédia e felicidade. Uma aquarela de sentimentos, digna de um quadro de Picasso. A alegria que contagiou as arquibancadas do Maracanã pós jogo pintou o sorriso daqueles mais antigos, acostumados às belas atuações das máquinas do passado, e o choro de emoção de pequenos tricolores, que debutavam em grandes decisões.

O jogo começou nervoso e estava até os quarenta e seis minutos do segundo tempo.

Todos os olhares em direção a área do São Paulo. Thiago Neves lança a bola como se fosse com as mãos santas de Bird. Ela voa por segundos intermináveis.

A torcida prende a respiração.

O coração valente pulsa. A esperança dos tricolores transformasse em euforia. O inacreditável havia acontecido. A cabeçada do guerreiro matador era responsável por escrever mais um capítulo na gloriosa história do clube pó de arroz. Mais uma vez ao apagar das luzes, o Fluminense conseguia o impossível.

Renato, que foi responsável por um dos gols mais emblemáticos da história do futebol, se joga ao gramado agradecendo o milagre, cena que se transformou na síntese do que ocorria no restante do Maracanã.

Naquela hora, senhores, o divino estava presente. Gravatinha havia feito mais uma de suas travessuras e estava sentado na baliza olhando a linda festa que a torcida mais bonita do mundo fazia.